Imagine uma família com dois ou mais filhos. Você acredita que os pais não conseguem evitar tratar um dos filhos de forma diferente? Essa questão intrigante tem sido objeto de debate há gerações, e um novo estudo publicado na revista Psychological Bulletin oferece respostas fascinantes.
Uma análise de 30 estudos, abrangendo quase 20 mil pessoas na América do Norte e Europa Ocidental, revelou que pais são mais propensos a favorecer filhas em relação a filhos. Essa preferência não significa necessariamente que há um “favorito” absoluto, mas sim que certos comportamentos e traços de personalidade podem levar a um tratamento diferenciado dentro de casa.
O que o estudo revela?

De acordo com Alexander Jensen, professor associado da Escola de Vida Familiar da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, favoritismo parental não é sinônimo de amor desigual. Jensen explica que “não se trata de os pais amarem um filho e detestarem o outro, mas de serem mais afetuosos com um, terem mais conflitos com outro ou passarem mais tempo com um deles”.
Essas diferenças de tratamento têm impacto significativo. Estudos anteriores mostram que crianças que recebem um tratamento mais favorável tendem a ter melhor saúde mental, sucesso acadêmico e relações familiares saudáveis. Em contrapartida, aquelas que se sentem preteridas podem enfrentar desafios emocionais e sociais.
Por que filhas são mais favorecidas?

A pesquisa também indicou que filhas, especialmente as que demonstram traços de personalidade como afabilidade e consciência, são frequentemente tratadas de forma mais favorável. Esses traços tornam as crianças mais fáceis de lidar, o que pode levar os pais a responderem de maneira mais positiva.
Quando o favoritismo é aceitável?

Interessantemente, Jensen afirma que “se as crianças compreendem por que são tratadas de forma diferente, essas diferenças podem ser aceitas”. Por exemplo, um irmão mais velho pode entender que a mãe dedica mais tempo ajudando um irmão mais novo com os deveres escolares porque ele precisa de mais apoio.
Por outro lado, quando as razões para o tratamento diferenciado não são claras, isso pode gerar ressentimento e conflitos entre irmãos. Portanto, a comunicação aberta é essencial.
Limitações da pesquisa

Os estudos analisados foram realizados predominantemente em famílias brancas da América do Norte e Europa Ocidental. Isso significa que as descobertas podem não refletir as dinâmicas familiares de outras culturas. Pesquisas futuras serão necessárias para explorar como o favoritismo parental varia em diferentes contextos culturais e ao longo das fases da vida.
Conclusão
Este estudo é um convite para que os pais reflitam sobre como tratam seus filhos. A percepção de favoritismo pode impactar profundamente a vida das crianças, mas também pode ser suavizada por meio da compreensão e do diálogo.
Embora seja natural que certos traços de personalidade ou circunstâncias específicas influenciem o comportamento parental, garantir que todos os filhos se sintam valorizados e amados é essencial para uma família saudável e harmoniosa.