Steve Jobs - um dos maiores ícones da tecnologia moderna, conhecido pelo design inovador da Apple.

O testamento incomum de Steve Jobs e como ele mudou para sempre o conceito de herança familiar

Quando Steve Jobs faleceu em 2011, ele deixou um legado não apenas na tecnologia e no design, mas também no mundo dos negócios e na forma como encarava a riqueza e suas implicações para as futuras gerações. No entanto, o que mais chamou a atenção foi uma decisão surpreendente em seu testamento, que rompeu com a tradicional distribuição de heranças milionárias. Ao contrário do que muitos poderiam esperar, Jobs não deixou sua fortuna para seus filhos, Reed, Erin e Eve, mas sim para sua esposa, Laurene Powell Jobs, e para sua filha mais velha, Lisa Brennan-Jobs, fruto de um relacionamento anterior.

Essa escolha foi guiada por uma crença compartilhada entre Jobs e sua esposa: a convicção de que a riqueza não deveria ser algo a ser perpetuado de geração em geração, nem um obstáculo ao desenvolvimento e crescimento pessoal. Steve Jobs acreditava firmemente que seus filhos deveriam buscar seu próprio caminho, sem depender de um legado financeiro. Mais de uma década após sua morte, essa visão tem se espalhado entre outros bilionários, que estão começando a seguir o exemplo do criador da Apple.


A única exceção no testamento de Jobs

Lisa Brennan-Jobs, filha de Steve Jobs, teve um relacionamento tenso com o pai, mas foi a única a receber uma herança substancial.

Ao contrário de seus irmãos mais novos, Lisa Brennan-Jobs, a filha mais velha de Jobs, foi a única que recebeu uma quantia significativa da fortuna de seu pai — cerca de 20 milhões de dólares. O relacionamento entre Lisa e Steve Jobs foi tumultuado desde o início. Durante anos, Jobs negou ser seu pai e a relação entre ambos se manteve tensa, apesar da eventual aceitação por parte do empresário de que Lisa era, de fato, sua filha. Contudo, o vínculo emocional e financeiro entre eles nunca foi forte, o que talvez explique o valor da herança que Lisa recebeu. Interessante é que Steve Jobs nomeou o primeiro computador pessoal da Apple de “Lisa”, em uma clara homenagem à filha, o que poderia ser visto como uma tentativa simbólica de compensar a ausência emocional que marcou sua relação.

Embora a herança de Lisa seja considerável, ela ainda é modesta comparada aos bilhões que ficaram sob a gestão de Laurene Powell Jobs, esposa de Steve Jobs. Laurene, por sua vez, tem se dedicado a usar sua fortuna para causas sociais e filantrópicas. Ela administra seus cerca de 14 bilhões de dólares com a missão de retribuir à sociedade, seguindo uma filosofia semelhante à de seu falecido marido.


Laurene Powell Jobs e a herança voltada para o bem social

Laurene Powell Jobs tem transformado a herança deixada por seu marido em projetos filantrópicos e sociais.

Em 2022, Laurene Powell Jobs fez questão de esclarecer que tanto ela quanto Steve Jobs não acreditavam em legados financeiros generosos. “Não estou interessada em construir sobre o legado de uma herança. Meus filhos sabem disso e Steve também não estava interessado nisso”, afirmou ela em entrevista. Desde então, Laurene tem se concentrado em projetos que visam promover a igualdade e o desenvolvimento social. Ela tem se dedicado a iniciativas educacionais, a lutar contra as mudanças climáticas e a financiar diversos projetos sociais por meio de suas fundações, como a Emerson Collective e a Waverley Street Foundation.

Entre seus projetos de destaque, Laurene se envolveu na construção de escolas modulares para Barbados, uma ilha que enfrenta desafios urgentes na renovação de sua infraestrutura educacional. Essa parceria com o estúdio espanhol Ensamble Studio visa proporcionar um ambiente de aprendizado moderno e sustentável para crianças e jovens da região.


A tendência de romper com as heranças tradicionais

Laurene Powell Jobs não é a única bilionária a adotar essa abordagem. Warren Buffett, um dos investidores mais ricos e influentes do mundo, também decidiu que a maior parte de sua fortuna — estimada em mais de 120 bilhões de dólares — não seria legada a seus filhos. “Quero que meus filhos tenham o suficiente para fazer alguma coisa, mas não tanto que não façam nada”, declarou Buffett, refletindo a ideia de que o dinheiro não deve ser um fardo para as novas gerações.

No cenário musical, figuras como Sting e Mick Jagger seguiram caminhos semelhantes. Sting, com uma fortuna superior a 400 milhões de dólares, afirmou que “o dinheiro é um incentivo ao trabalho”, indicando que ele não planeja deixar grandes quantias para seus filhos, a fim de incentivá-los a conquistar seu próprio sucesso. Mick Jagger, por sua vez, destinou boa parte de sua fortuna a causas sociais, optando por não criar um legado financeiro imenso para sua descendência.

Mais recentemente, outros nomes influentes como Sam Altman, CEO da OpenAI, Bill Gates e Elon Musk também manifestaram intenções de seguir a mesma filosofia, indicando uma tendência crescente entre os bilionários que preferem redirecionar suas fortunas para iniciativas que beneficiem a sociedade em vez de deixá-las como um legado financeiro para seus filhos.


Conclusão

O testamento de Steve Jobs e as escolhas feitas por outros bilionários refletem uma mudança de paradigma sobre como a riqueza é administrada e transmitida entre gerações. A decisão de não acumular fortunas infinitas para os filhos, mas sim investir em causas que tragam benefícios sociais, demonstra uma visão mais ampla e responsável da riqueza. Isso reflete uma tendência crescente de usar o poder financeiro para gerar impacto positivo, mais do que perpetuar uma tradição de legados generacionais.

Em um mundo onde a desigualdade econômica é uma preocupação crescente, esses exemplos de bilionários que escolhem “retribuir” à sociedade através de seus recursos podem ser um modelo para as gerações futuras, incentivando outros a fazer o mesmo e repensar o significado do dinheiro em um contexto de justiça social e responsabilidade.


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