Desde tempos imemoriais, o ser humano sonha em voar. Da mitologia grega, com Írico e suas asas de cera, às mais recentes tecnologias aeronáuticas, sempre buscamos formas de desafiar a gravidade. Mas e se, biologicamente falando, pudéssemos ter asas? Como elas seriam e quais mudanças corporais seriam necessárias para nos manter no ar?
O tamanho das asas humanas

Se um ser humano médio, com cerca de 70 kg e 1,5 metro de altura, precisasse de asas para voar, qual seria sua envergadura? Segundo Ty Hedrick, professor de biologia na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, uma envergadura de aproximadamente 6 metros seria necessária. Esse tamanho é menor do que muitos imaginam, mas mesmo assim é grande o suficiente para causar impactos significativos em nossa anatomia e estilo de vida.
Asas de penas ou membranas?

A imagem clássica de um humano alado normalmente nos remete a anjos, com asas emplumadas saindo das costas. No entanto, para que essa estrutura fosse viável, precisaríamos de uma omoplata extra e músculos adicionais ligando o peito às asas. Michael Habib, pesquisador associado ao Instituto de Dinossauros do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles, sugere que asas semelhantes às dos morcegos seriam mais prováveis. Nesse cenário, nossos braços e mãos se estenderiam, formando uma membrana flexível.
Potência muscular: o desafio do voo humano

Ter asas grandes não é suficiente para voar. Seria necessário produzir energia suficiente para sustentar o corpo no ar. Em aves, entre 16% e 30% da massa corporal é composta por músculos de voo, principalmente no peito. Isso significa que, se os humanos fossem voadores, nosso peitoral seria extremamente desenvolvido, alterando drasticamente nossa fisionomia.
Animais voadores passaram por milhões de anos de evolução para aprimorar suas capacidades aerodinâmicas. Nós, humanos, teríamos que desenvolver várias adaptações fisiológicas, como ossos mais leves, maior capacidade pulmonar e alterações na distribuição muscular. Sem essas mudanças, o sonho de voar de forma natural continuaria apenas na ficção.
Que tipo de voo teríamos?

Diferentes animais voadores desenvolveram estratégias variadas para se locomover pelo ar. Existem aqueles que batem as asas constantemente, como pardais, e aqueles que planam, como albatrozes. Considerando nosso tamanho, seríamos mais parecidos com aves planadoras, aproveitando correntes de ar para nos mantermos no ar com menos esforço.
Mesmo com asas adequadas, o ato de decolar seria um desafio. As aves menores conseguem levantar voo com pequenos saltos e batidas de asa, mas criaturas maiores, como condores e pterossauros, dependem de superfícies elevadas ou ventos favoráveis. Habib sugere que, assim como os morcegos-vampiros e os antigos pterossauros, precisaríamos realizar um lançamento quadrúpedo, onde usamos tanto os braços quanto as pernas para impulsionar nosso corpo para cima.
Conclusão
Voar é um desejo ancestral da humanidade, mas nossa biologia atual nos impede de realizá-lo naturalmente. Caso tivéssemos asas, precisaríamos de mudanças drásticas em nossa anatomia, desde uma nova estrutura óssea até músculos extremamente desenvolvidos. Embora a ciência ainda não tenha encontrado uma forma de modificar geneticamente os humanos para o voo, avanços na tecnologia de exoesqueletos e jetpacks podem, um dia, nos permitir experimentar a liberdade de voar por conta própria.