Uma descoberta fascinante está mudando a maneira como entendemos a imensidão do universo. Astrônomos recentemente anunciaram a identificação de uma estrutura colossal no cosmos, que pode ser a maior já registrada. Esta estrutura, composta por aglomerados de galáxias e aglomerados de aglomerados de galáxias, se estende por impressionantes 1,3 bilhões de anos-luz e contém uma quantidade de massa estelar equivalente a 200 quadrilhões de sóis. A descoberta foi batizada de Quipu, em referência ao sistema inca de contagem e armazenamento de números, que usava cordas e nós.
O que é o Quipu?

A estrutura encontrada é complexa e tem a forma de um filamento longo com múltiplos filamentos laterais, lembrando a maneira como o sistema Quipu inca organizava e conectava informações. Com uma extensão de 1,3 bilhões de anos-luz — mais de 13.000 vezes o tamanho da nossa galáxia, a Via Láctea —, o Quipu pode ser o maior objeto já identificado no universo em termos de comprimento, superando outros recordes de estruturas espaciais, como o superaglomerado Laniākea.
Essa descoberta foi recentemente compartilhada em um artigo publicado no ArXiv, no final de janeiro de 2025. Embora ainda não tenha sido oficialmente revisado por pares, o estudo foi aceito para publicação na revista Astronomy and Astrophysics.
O Quipu foi identificado em um mapeamento do céu usando dados de distâncias redshiftadas — um fenômeno que ocorre quando a luz emitida por objetos distantes se estica para o vermelho à medida que o universo se expande. O Quipu é visível de forma proeminente em um mapa do céu sem a necessidade de métodos complicados de detecção, sendo um dos maiores achados em uma região do cosmos conhecida por redshifts entre 0,3 e 0,6. Esses redshifts indicam que as galáxias encontradas estão a distâncias imensas da Terra.
O tamanho das estruturas cósmicas

As maiores estruturas já encontradas no universo são objetos tão vastos que desafiam nossa compreensão. Antes da descoberta do Quipu, o maior objeto conhecido era o Grande Muro da Hércules-Corona Borealis, uma concentração de matéria a aproximadamente 10 bilhões de anos-luz de distância, com uma extensão estimada de 10 bilhões de anos-luz. No entanto, sua existência ainda é debatida pela comunidade científica.
O Quipu foi identificado como a maior superestrutura no conjunto de dados analisados, mas não foi o único grande achado. Outros quatro gigantes também foram descobertos: o superaglomerado Shapley, o superaglomerado Serpens-Corona Borealis, o superaglomerado Hércules e o superaglomerado Escultor-Pegasus, que se estende entre as constelações que lhe deram o nome. Esses cinco superaglomerados são responsáveis por uma quantidade impressionante de massa no universo observável.
A extensão dos superaglomerados

- Quipu (vermelho): A maior superestrutura encontrada no universo local.
- Shapley (azul): Antigo recordista de superestrutura, agora superado pelo Quipu.
- Serpens-Corona Borealis (verde): Uma enorme rede de aglomerados galácticos.
- Hércules (roxo): Outro gigante, rivalizando com o Quipu em tamanho.
- Escultor-Pegasus (bege): Uma estrutura vastíssima que se estende entre duas constelações.
Estes cinco superaglomerados juntos contêm cerca de 45% dos aglomerados de galáxias, 30% das galáxias e 25% da matéria visível no universo observável. Em termos de volume, eles representam aproximadamente 13% de todo o espaço conhecido.
Efeito sobre o universo

A descoberta não se limita apenas à observação dessas grandes massas de matéria. Esses superaglomerados possuem um impacto significativo no ambiente cósmico ao seu redor. O estudo revelou que as superestruturas afetam o Fundo Cósmico de Micro-ondas (CMB), a radiação remanescente do Big Bang que permeia o universo. Além disso, a gravidade das superestruturas pode distorcer a luz que viaja por elas, fenômeno conhecido como lente gravitacional, alterando nossa visão de objetos distantes.
Outro impacto importante é sobre a medição da expansão do universo. Em regiões onde essas estruturas dominam, a velocidade local das galáxias pode distorcer as medições da constante de Hubble, a taxa de expansão do universo. Este fenômeno pode influenciar as nossas estimativas sobre o ritmo de crescimento do cosmos, fornecendo uma visão mais detalhada das forças em jogo à escala galáctica.
O futuro da pesquisa

Embora essas superestruturas sejam temporárias, dado que o universo está sempre se expandindo e afastando as galáxias, sua enorme escala e complexidade fazem delas elementos essenciais para o estudo da evolução cósmica. No futuro, os astrônomos podem investigar como essas grandes estruturas impactam a formação e evolução das galáxias, ampliando nosso conhecimento sobre o cosmos e seu desenvolvimento.
Essas superestruturas também nos lembram de como o universo está em constante transformação. Embora sua existência seja transitória, os efeitos de sua presença podem durar por muito tempo, até mesmo impactando a maneira como medimos e entendemos a expansão do universo.
Em conclusão, a descoberta do Quipu e de outras grandes estruturas cósmicas abre novas fronteiras no estudo da astronomia, fornecendo pistas cruciais sobre os processos que moldam o cosmos e o futuro da nossa galáxia. O estudo dessas estruturas, além de revelador, coloca em perspectiva o quão vasto e misterioso o universo realmente é.