Por que os antigos depositavam seus corpos no Tamisa?

Por que os antigos depositavam seus corpos no Tamisa?

Durante os últimos dois séculos, centenas de ossos humanos foram encontrados no fundo do Rio Tamisa, em Londres. Essas descobertas arqueológicas intrigantes têm levado a perguntas sobre quem eram essas pessoas e, principalmente, por que seus corpos foram depositados no rio. Um estudo recente lança luz sobre o mistério, sugerindo que muitos desses esqueletos datam dos períodos da Idade do Bronze e da Idade do Ferro. No entanto, o verdadeiro motivo de tantas pessoas terem sido enterradas ou depositadas no Tamisa continua sendo um enigma. Vamos explorar essa fascinante questão!


A história dos ossos no Tamisa

A pesquisa foi conduzida por uma equipe liderada por Nichola Arthur, curadora do Museu de História Natural de Londres, e foi publicada em 28 de janeiro de 2025 na revista Antiquity. O estudo focou em 30 esqueletos encontrados nas águas do Tamisa, e o objetivo era investigar quando e por que esses corpos acabaram no rio. Ao longo de décadas, especialistas vinham se debruçando sobre esses achados, com algumas teorias antigas sugerindo que os corpos poderiam ser vítimas de uma batalha entre celtas e romanos. Outra explicação levantada no século XX era que as ossadas vinham de sepultamentos antigos nas margens do rio ou de vítimas de afogamento.

Porém, o estudo de Arthur revelou algo surpreendente: os restos humanos encontrados no Tamisa abrangem um período de mais de 6.000 anos, desde 4.000 a.C. até 1.800 d.C. Mas o mais curioso é que a maioria desses ossos remonta à Idade do Bronze (2.300 a 800 a.C.) e à Idade do Ferro (800 a.C. a 43 d.C.). Essas descobertas foram feitas nas zonas mais altas do rio, longe das áreas de fácil acesso.


A grande pergunta: Por que estariam lá?

A descoberta mais intrigante, no entanto, foi a constatação de que esses esqueletos não são o resultado de uma simples acumulação de ossos ao longo do tempo. A pesquisa sugere que houve algo significativo acontecendo durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, o que pode nos levar a repensar as motivações por trás da deposição dos corpos no rio. Como Arthur afirma, “não podemos mais considerar que esses ossos simplesmente foram acumulados no rio com o tempo”. Portanto, a pergunta que persiste é: por que esses corpos foram colocados ali?

Uma teoria proposta por Arthur é que a prática de depositar restos humanos em corpos d’água fazia parte de um ritual mais amplo, comum em diversas culturas do noroeste europeu. Esse tipo de ritual pode estar relacionado a crenças espirituais ou práticas funerárias. Em várias partes da Europa, os antigos costumavam depositar objetos valiosos, como armas, joias e até corpos, em rios, pântanos e lagos, acreditando que esses lugares eram portas para o outro mundo ou que ajudavam a apaziguar os deuses.


Violência ou ritual? O que os ossos revelam

Além das explicações mais espirituais, outra hipótese para a presença desses corpos no Tamisa envolve episódios de violência. Chris Knüsel, bioarqueólogo da Universidade de Bordeaux, sugere que as mortes violentas, como confrontos entre tribos rivais ou disputas sobre o controle do rio, podem ter sido a razão para os corpos terem sido jogados na água. O estudo revelou padrões de trauma esquelético em muitos dos restos humanos encontrados, sugerindo que algumas dessas pessoas podem ter morrido de forma violenta, o que se alinha com outros achados arqueológicos de corpos em pântanos que mostram sinais de morte violenta.

A presença de ossos humanos no Tamisa também é parte de um fenômeno mais amplo em locais aquáticos, onde corpos e artefatos relacionados à violência e rituais de morte são frequentemente encontrados. A análise dos ferimentos nos ossos dessas pessoas está sendo aprofundada, e a esperança é que isso revele mais sobre as causas dessas mortes. Em uma fase futura da pesquisa, Arthur e sua equipe planejam estudar mais detalhadamente essas lesões e como elas podem se encaixar em práticas culturais e rituais da época.


O que ainda está por descobrir

O estudo sobre os ossos humanos no Tamisa ainda está em andamento, e novas perguntas continuam a surgir. A origem funerária desses restos humanos não foi completamente comprovada, e muitas das respostas ainda estão por vir. O próximo passo da pesquisa é aprofundar a análise dos traumas encontrados nos ossos e tentar entender melhor as práticas culturais e os comportamentos das pessoas que viveram naquela época.

Esse mistério arqueológico nos convida a olhar para a história de Londres de uma maneira diferente. O Tamisa, um rio que hoje parece uma via tranquila e urbana, foi, por muitos séculos, um lugar de significados profundos, onde a morte e os rituais estavam intrinsecamente ligados. O estudo de seus antigos moradores continua a abrir portas para uma compreensão mais rica e complexa da nossa história.


Conclusão

As ossadas encontradas no Rio Tamisa são um testemunho de tempos antigos e de práticas culturais misteriosas. A combinação de fatores como rituais funerários e possíveis episódios de violência pode explicar por que tantas pessoas foram depositadas neste famoso rio de Londres. Com mais estudos e análises detalhadas, as descobertas sobre os ossos do Tamisa certamente irão lançar mais luz sobre os segredos do passado distante, revelando as histórias não contadas daqueles que viveram à margem desse rio. Fica o convite para acompanharmos os próximos capítulos dessa intrigante investigação!


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