A morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., aos 32 anos de idade, deu início a um dos maiores enigmas da arqueologia mundial. Seu império, vasto e inigualável, se estendia do oeste da Grécia até a Índia, mas, paradoxalmente, sua última morada permanece um mistério não resolvido, apesar de séculos de buscas. A localização da tumba do rei conquistador, figura histórica que moldou o curso da história, continua a alimentar debates e teorias entre arqueólogos e historiadores.
Onde está a tumba de Alexandre?

Pesquisadores de várias partes do mundo tentaram decifrar o local da sepultura de Alexandre, o Grande, com teorias apontando desde sua terra natal, a Macedônia (atualmente na Grécia), até o Egito. Porém, ao longo dos séculos, o túmulo de Alexandre tornou-se tão lendário quanto outros grandes mistérios da história, como o Santo Graal ou a Arca da Aliança.
A maior dificuldade reside no fato de que, após sua morte, o corpo de Alexandre foi movido várias vezes, o que dificulta a localização precisa de seu último descanso. As fontes históricas sobre o túmulo são escassas e, muitas vezes, foram escritas séculos após os eventos descritos, tornando-as propensas a interpretações políticas e viéses pessoais.
A morte de alexandre e o deslocamento de seu corpo

Segundo o historiador Plutarco, Alexandre faleceu em junho de 323 a.C., em Babilônia, provavelmente vítima de uma doença como tifo ou malária, embora algumas teorias sugiram que ele foi assassinado ou até mesmo morto por envenenamento. Seja qual for a causa, seu corpo foi mumificado e transportado por Ptolemeu I Soter, general macedônio e amigo íntimo de Alexandre, para o Egito.
A jornada de seu corpo durou mais de dois anos, atravessando o Oriente Médio, até chegar ao Egito, onde foi colocado inicialmente na cidade de Alexandria, fundada por Alexandre. A cidade, que na época estava em seus primeiros estágios de desenvolvimento, se tornou o epicentro do culto à personalidade de Alexandre, e a construção de um túmulo grandioso para o rei seria um marco para consolidar a importância da cidade.
Após a morte de Alexandre, sua sepultura passou a ser um destino de peregrinação para muitas figuras ilustres da história. O geógrafo grego Estrabão relatou que Ptolemeu IV Philopator, sucessor de Ptolemeu I, teria transferido o corpo de Alexandre para uma localização mais permanente, no grande mausoléu de Alexandria. Diversos relatos de imperadores romanos, incluindo Júlio César e Augusto, atestam que o corpo de Alexandre estava visível e acessível para os visitantes.
No entanto, com o passar dos séculos, as referências ao túmulo começaram a desaparecer. Durante o domínio cristão no Império Romano, uma teoria sugere que a Igreja, ao buscar consolidar o culto a Cristo, pode ter tentado apagar as evidências do túmulo de Alexandre. Isso pode ter contribuído para o desaparecimento das informações sobre a localização exata da sepultura, fazendo com que ela fosse perdida ao longo do tempo.
A busca atual e as novas teorias

Nos dias de hoje, arqueólogos como Calliope Limneos-Papakosta, diretora do Instituto de Pesquisa Helênica de Civilização Alexandrina, estão tentando resolver esse mistério. Limneos-Papakosta, que conduz escavações em Alexandria, acredita estar próxima de encontrar o túmulo, especialmente após a descoberta de uma estátua de Alexandre durante uma escavação em 2009. A peça pode ser um indicativo de que o túmulo está em uma área específica da cidade, próxima ao Jardim Shallalat, onde antigas fontes indicam que os bairros reais estavam localizados.
O local indicado pela pesquisadora também corresponde a uma área mencionada por antigos textos, que falam sobre a interseção de duas grandes ruas da Alexandria antiga. De acordo com Limneos-Papakosta, a descoberta recente de uma segunda rua principal, a Rua Real, reforça a ideia de que o túmulo pode estar por ali.

Outro grande obstáculo para os arqueólogos é o fato de que a moderna cidade de Alexandria foi construída sobre as ruínas da antiga. Muitos dos marcos históricos de Alexandria, como teatros e catacumbas, só foram descobertos acidentalmente durante projetos de construção. A tarefa de localizar o túmulo de Alexandre em meio a uma cidade moderna, onde as camadas de história estão sobrepostas, torna a busca ainda mais desafiadora.
A teoria do historiador Paul Cartledge sugere que o mausoléu de Alexandre poderia estar localizado perto da costa, na região do Brucheum, onde estavam os bairros reais da cidade. No entanto, com a elevação do nível do mar ao longo dos séculos, uma grande parte da antiga Alexandria pode estar submersa.
Em anos recentes, mergulhadores exploraram a costa de Alexandria e encontraram fragmentos de estruturas antigas, mas, como Cartledge alerta, é possível que o corpo de Alexandre tenha se perdido para sempre, possivelmente devorado por tubarões ou consumido pela natureza ao longo dos milênios. No entanto, outros arqueólogos, como Zahi Hawass, ex-ministro das Antiguidades do Egito, continuam otimistas de que o túmulo de Alexandre será encontrado algum dia, talvez por acidente, como aconteceu com outras descobertas arqueológicas importantes.
Conclusão
Embora a localização exata da tumba de Alexandre, o Grande, continue envolta em mistério, a busca por ela continua a cativar arqueólogos, historiadores e curiosos ao redor do mundo. Cada nova descoberta, seja uma escultura ou uma inscrição antiga, aproxima os pesquisadores do objetivo de desvendar esse enigma histórico. Quem sabe, um dia, por acaso ou por meio de uma descoberta cuidadosamente planejada, o túmulo do maior conquistador da história será encontrado, e o mito dará lugar à realidade.
Até lá, Alexandre permanecerá não apenas como uma figura central na história, mas também como um símbolo da busca incessante por respostas em meio ao desconhecido.