Antes de seu trágico destino, a cidade de Pompeia era um destino turístico cobiçado pela elite romana, reconhecida por sua arquitetura opulenta e, agora sabemos, por um spa de luxo com mais de 2.000 anos. Este local revela o requinte e a extravagância dos cidadãos mais ricos do Império Romano.
A palavra “spa”, curiosamente, tem origem na cidade belga de mesmo nome, denominada “Aquae Spadanae” pelos romanos. Assim, não é surpresa que os banhos termais fossem um elemento central das celebrações e dos banquetes exuberantes da elite romana.
Uma descoberta extraordinária

As escavações do Parque Arqueológico de Pompeia começaram em 2023, mas foi em setembro de 2024 que os arqueólogos descobriram um spa de luxo sem precedentes, que reflete o estilo de vida suntuoso da elite local. No último dia 17, o Parque divulgou imagens impressionantes do complexo. Os pesquisadores encontraram um vasto domus – uma residência romana – que abrigava um complexo termal e um espaçoso salão de banquetes.

Em comunicado oficial, os arqueólogos descreveram o spa como o “maior e mais extravagante” já encontrado em Pompeia. Embora o proprietário do espaço não tenha sido identificado, acredita-se que o objetivo principal fosse impressionar os convidados com uma demonstração de poder e sofisticação.
O spa tinha capacidade para acomodar cerca de 30 pessoas e incluía áreas de banho para diferentes temperaturas: o caldário (banho quente), o tepidário (banho morno) e o frigidário (banho frio). Esses espaços conectavam-se a um salão de banquetes, reforçando a função social e política do local.
Ostentação e cultura na roma antiga

Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico, destacou que o nível de luxo encontrado era acessível apenas aos super-ricos ou aos novos-ricos. A disposição do spa ao lado de um salão de banquetes remete diretamente ao texto “Satyricon”, escrito por Petrônio no ano 60 d.C. Em uma passagem, o autor descreve um novo-rico que ostentava um spa luxuoso como parte de um banquete espetacular.
“Tudo no spa – e também na residência – foi projetado para encenar um espetáculo cujo centro das atenções era o anfitrião”, afirmou Zuchtriegel. O local era decorado com pinturas do Terceiro Estilo Pompeiano, incluindo temas da Guerra de Troia e cenas de atletas, que conferiam um ar de sofisticação e erudição.
Mais do que um simples espaço de lazer, o spa era uma ferramenta de ostentação e poder. O anfitrião convidava pessoas para os banhos termais não apenas por prazer, mas também para reforçar alianças políticas e econômicas.
Um olhar para o futuro

Após a restauração, o spa de luxo de Pompeia será aberto ao público, permitindo que visitantes explorem o requinte da vida romana. No entanto, Zuchtriegel alertou que a escavação não será completamente expandida para preservar a integridade do local.
Essa descoberta nos oferece uma rara oportunidade de compreender a vida e os costumes da elite romana, revelando como o luxo e a cultura estavam intrinsecamente ligados ao status e à política da época.