Einstein, o misterioso gênio

Einstein, o misterioso gênio

Mais de um século após revolucionar o mundo com a Teoria da Relatividade, Albert Einstein continua sendo um enigma para a humanidade. Suas contribuições são fundamentais em áreas como a física e a astronomia, mas ainda existem questões não resolvidas em muitos de seus trabalhos, que desafiam cientistas a comprová-los por meio de experimentos e estudos contínuos. Além de suas teorias, a personalidade de Einstein continua despertando fascínio, mesmo 57 anos após sua morte, ocorrida em 18 de abril de 1955, em Princeton, Estados Unidos.

Com sua cabeleira branca, barba por fazer e roupas simples, o físico exibia uma aparência que se tornou uma das mais icônicas do mundo. Porém, por trás dessa imagem, havia um homem com um modo de pensar e de buscar soluções de forma bastante peculiar. Nascido em 1879, na cidade alemã de Ulm, que tinha apenas 99 mil habitantes, Einstein teve uma infância difícil. Dificuldades para aprender a falar fizeram com que seus pais, Hermann e Pauline, se preocupassem com a possibilidade de o futuro gênio ter algum tipo de problema mental.

Depois, em Munique, onde a família tentava prosperar com uma fábrica de equipamentos elétricos, Einstein revelou-se uma criança introvertida, parecendo repelir as pessoas ao seu redor. Ele raramente era visto na companhia de outros colegas. Esse comportamento reservado seria uma característica que o acompanharia ao longo de sua vida, até mesmo quando começou a lecionar física nas universidades. O filósofo brasileiro Huberto Rohden (1893-1981), que conheceu Einstein nos anos 40, em Princeton, onde o físico lecionava no Instituto de Estudos Avançados, afirmou: “Conversar com Einstein seria profanar sua sagrada solidão.”

Rohden escreveu um livro sobre Einstein, intitulado Einstein: o Enigma do Universo, publicado no Brasil pela editora Martin Claret, relatando sua convivência com o físico.

Este comportamento introspectivo de Einstein pode ser explicado pelo fato de que ele acreditava que a intuição era o principal meio para alcançar suas descobertas. Para ele, o silêncio era necessário para acessar esse lado instintivo. Embora seja exagerado afirmar que Einstein passava o tempo todo imerso em suas equações, há muitos indícios de que seus problemas científicos ocupavam sua mente por grandes períodos do dia.

Em certa ocasião, enquanto trabalhava em uma tese, Albert ficou isolado por dias em um quarto trancado, onde só saía para pegar os sanduíches que sua esposa e prima, Elsa, preparava para ele. Nesse “isolamento”, Einstein acreditava alcançar um nível superior de silêncio, algo que facilitava suas descobertas. Em uma carta de 1954, publicada na revista Time, Einstein revelou que não se lembrava de ter feito experiências para chegar à Teoria da Relatividade, afirmando que havia seguido apenas sua intuição.

No entanto, isso não significa que Einstein acreditasse apenas na intuição. Longe disso. Embora valorizasse imensamente o momento pré-experimental, ele defendia firmemente a comprovação científica por meio de experimentos. A sensibilidade instintiva era, para ele, uma etapa crucial, mas a ciência, o experimento e a verificação eram fundamentais.

O Gênio e a Guerra

O ano de 1933 foi um marco na vida de Einstein. Em um contexto de crescente tensão política e ideológica, o físico se opôs fortemente aos ideais nazistas. Reconhecido mundialmente, Einstein temia que Adolf Hitler utilizasse sua genialidade para o desenvolvimento de armas nucleares. Como resultado, ele renunciou à cátedra de Física na Academia de Ciências da Prússia e decidiu deixar a Europa. Em represália, Hitler confiscou seus bens e retirou sua cidadania alemã.

Em seguida, Einstein foi convidado a lecionar no Instituto de Estudos Avançados, nos Estados Unidos. Esse período também marcou o início da maior controvérsia de sua vida: teria ele ajudado os Estados Unidos a desenvolver a bomba atômica?

Einstein sempre negou essa hipótese, explicando que sua única contribuição foi uma carta enviada ao presidente Franklin Roosevelt, alertando sobre a necessidade de os Estados Unidos começarem pesquisas para criar a bomba atômica, dado o avanço dos cientistas alemães nesse campo. “Sou apaixonadamente um pacifista”, declarou Einstein, mas reconheceu a necessidade de agir diante da possibilidade de os nazistas desenvolverem a arma primeiro. “Assumi minhas responsabilidades”, completou.

Quando os Estados Unidos lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, Einstein certamente sentiu uma dor semelhante à de Santos Dumont durante a Primeira Guerra. Porém, o físico não permaneceu passivo. Em 1946, ele fundou o Comitê de Vigilância dos Cientistas Atômicos, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os perigos da Física Nuclear.

Além disso, Einstein descreveu o serviço militar obrigatório como o “câncer da humanidade” e expressou seu desejo por um mundo onde os exércitos fossem extintos. Ele também sugeriu, em tom provocativo, que, caso houvesse uma nova guerra, “deveriam mandar mulheres para a próxima guerra”, argumentando que os sentimentos heroicos do sexo feminino seriam melhor aproveitados do que em um cenário de ataques violentos a civis indefesos.

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