O Laboratório Nacional Lawrence Livermore revelou o supercomputador El Capitan, agora o mais potente do mundo, capaz de realizar impressionantes 1,742 quintilhões de cálculos por segundo. Desenvolvido para simular testes que avaliam e prolongam a vida útil do arsenal nuclear dos Estados Unidos, o El Capitan tem uma capacidade de processamento tão gigantesca que, para igualá-lo, seria necessário que cada pessoa no planeta fizesse um cálculo por segundo durante oito anos consecutivos.
Em termos ainda mais surpreendentes, seriam necessários cerca de um milhão de iPhones trabalhando simultaneamente para alcançar o desempenho do El Capitan em apenas um segundo. Construído pela Hewlett Packard Enterprise, com chips da Advanced Micro Devices, o supercomputador demandou um investimento de 600 milhões de dólares. Com 22 vezes mais poder de processamento do que seu predecessor, o Sierra, o El Capitan possibilita a realização de simulações que antes levariam semanas ou meses a serem concluídas em apenas dias, ou até horas.
Instalado em uma área de 6.000 pés quadrados (cerca de 557 metros quadrados), o El Capitan ocupa um espaço equivalente a duas quadras de tênis, localizado em um prédio de segurança extrema no Laboratório Lawrence Livermore. A infraestrutura foi especialmente adaptada para atender às imensas necessidades de energia e refrigeração, com o supercomputador consumindo até 30 megawatts de eletricidade, quantidade suficiente para abastecer cerca de 30.000 residências. Além disso, a comunicação entre seus componentes ocorre através de longos cabos de fibra óptica e uma avançada tecnologia de rede fornecida pela Hewlett Packard Enterprise.
Supercomputadores como o El Capitan são vistos como símbolos do progresso tecnológico de uma nação, e sua ascensão ao topo da lista TOP500, que classifica os computadores mais rápidos do mundo, reflete isso. No entanto, especialistas acreditam que outros países, como a China, podem possuir máquinas ainda mais poderosas, mas que não são divulgadas publicamente. Esse cenário de competição tecnológica tem gerado tensões, levando os Estados Unidos a adotar restrições à exportação de semicondutores, tentando limitar o avanço das potências rivais.
O El Capitan tem um papel crucial no apoio aos testes de armas nucleares dos Estados Unidos, permitindo simulações sem a necessidade de explosões reais, proibidas desde 1992. Com sua capacidade de realizar simulações tridimensionais em alta resolução, o sistema oferece precisão e eficiência sem precedentes, permitindo aos cientistas analisar com exatidão os complexos sistemas físicos das armas nucleares. Isso garante que o arsenal nuclear esteja pronto para ser utilizado, mesmo após décadas de inatividade.
Além de seu uso militar, o El Capitan também promete avanços significativos em diversas áreas científicas, como previsão de terremotos, modelagem de incêndios florestais, estudos sobre mudanças climáticas e genética. Durante a pandemia de COVID-19, supercomputadores ajudaram a prever a disseminação do vírus, e o El Capitan ampliará ainda mais as possibilidades de pesquisa científica. Com esse poder de processamento, os cientistas terão acesso a recursos que antes eram inimagináveis, permitindo a realização de estudos considerados impossíveis até recentemente, abrindo novas portas para o avanço do conhecimento em várias disciplinas.